Diz a lenda que as mulheres, fascinadas pela sua própria beleza, teriam inventado o espelho e o
retrovisor. Diante deles celebram todos os dias o macabro ritual da transformação, tornando difícil
distinguir quem é bela e quem é fera. No trânsito isso fica mais fácil. Decididas a encarar o mercado
de trabalho, desenvolveram uma saia justa e curta projetada com o único propósito de lutar em
igualdade com os homens. Em momento algum usariam com outras intenções. Aceitam tarefas
complexas e superam qualquer obstáculo, desde que não desfie as meias ou estrague o esmalte das
unhas. Construiram ao seu redor um universo próprio cercado por cartões de crédito, cheques
especiais, batons, meia-calças e sapatos, um mercado que movimenta milhões e que os homens tem a
árdua tarefa de administrar.
São encantadoras criaturas, exibindo seus celulares desnecessários e barulhentos com confissões e
segredos protegidos pelo anonimato. E todos tocam ao mesmo tempo.
Mas há como entendê-las, quando estão de preto ou de vermelho. Algumas usam infra-vermelho,
invisível e fatal. Predadoras implacáveis, qualquer homem fica frágil no seu meio, principalmente
depois que aprenderam na televisão a conjugar o verbo comê-lo.
Os estudiosos admitem que isso é o resultado da luta feroz para defender o importante espaço que
ocupam. Por isso abandonaram o feijão, o arroz, a roupa suja, o ferro de passar, os filhos, os maridos.
Hoje são as outras mulheres que cuidam disso.
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